Os 25 anos do PT

15 de fevereiro de 2005 Os 25 anos do PT

Há datas que são marcadas pelo simbolismo, pelo significado de que são revestidas, pois carregam consigo a afirmação de uma idéia, de um propósito coletivo, de um compromisso com valores civilizatórios, que ultrapassam e dotam de sentido nossas vidas individuais. É o caso dos aniversários de grandes eventos históricos, quando se celebra a memória de acontecimentos que moldaram, positivamente ou negativamente, nossa história, contribuindo assim para a afirmação identidária das sociedades. Momentos singulares, em que se rompe com o instituído, vislumbrando a possibilidade de construção de projetos coletivos capazes de expandir a realidade, revelando a natureza constituinte da política.

Sem sombra de dúvida, a comemoração dos 25 anos de existência do Partido dos Trabalhadores é um desses momentos, em que a imaginação social, o protagonismo coletivo e a audácia histórica convergem, forjando um partido único na tradição brasileira. Afinal, esta sempre se notabilizou pelo mandonismo das elites, ”pelos arranjos por cima”, pelo apelo às fórmulas bonapartistas, autocráticas, alijando o povo – as maiorias trabalhadoras – dos processos decisórios reais. Confirmando a precisão daquilo que Florestan Fernandes denominava de ”socialização pelo tope” ocorrido na sociedade brasileira, que promove continuamente – segundo suas palavras – ”uma redefinição das lealdades dos grupos em mobilidade ascendente e uma permanente acefalização das classes ‘baixas’ e destituídas”. Daí a baixa legitimidade democrática até então detida pelo sistema político, reforçada pelo tratamento repressivo historicamente atribuído aos movimentos populares, bem como pela ausência de um forte pólo democrático-popular nas eleições que tencionasse a hegemonia das classes dominantes.

Neste sentido, o PT, ao produzir-se do encontro de uma diversidade de forças populares, oriundas do movimento operário, do sindical, do agrário, do estudantil, da intelectualidade, dos setores médios, entre outros, preencheu uma lacuna de nossa formação sócio-política, ao dar visibilidade a milhões de brasileiros, marginalizados por um modelo de desenvolvimento concentrador de renda e de poder. A ação política, social e cultural do PT nestes 25 anos de sua existência tem sido um fator decisivo para modificar a injusta sociedade brasileira, apesar de nossas raízes patrimonialistas e das resistências de uma correlação de forças – interna e externa – favorável ao conservadorismo.

No entanto, apesar de tudo, desempenhamos um papel crucial nas lutas democráticas como nas Diretas Já, na Constituinte de 88, no impecheament de Collor, na revitalização dos sindicatos e da sociedade civil, no aprimoramento das práticas institucionais através da construção de formas de controle social do poder, na luta pela supremacia dos Direitos Humanos, nas reivindicações dos negros e índios, nas demandas das minorias, etc, sempre apostando que somente por intermédio da ação autônoma da sociedade civil combinada com a reapropriação social do Estado, é possível se constituir uma nova hegemonia ética e política em nosso país. E que se encontra na eleição de Lula um momento importante de afirmação de nossa trajetória, não pode nela se acomodar, pois apenas estamos começando a verdadeira tarefa de transformar a sociedade brasileira!

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