Em interrogatório na tarde desta segunda (9), ex-ajudante de ordens da Presidência destacou que Jair Bolsonaro tinha plena ciência da articulação para tentar minar a democracia no Brasil

Fonte: PT
Foto: Valter Campanato/ABr

O tenente-coronel Mauro Cid, delator e réu no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, entregou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve participação ativa na articulação para tentar derrubar a democracia no Brasil. Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (09), Cid afirmou que Bolsonaro recebeu e editou uma minuta golpista que previa a decretação de estado de sítio no Brasil, a prisão de autoridades, e a consequente anulação do resultado das eleições.

Cid é um dos réus que estão sendo interrogados por envolvimento no núcleo central da organização criminosa criada para tentar colocar o golpe em prática. Bolsonaro também vai ser interrogado nesta semana, em uma fase crucial do processo. Após esta etapa, as defesas terão prazo de 15 dias para apresentar as chamadas alegações finais. Em seguida, o Supremo deve marcar a audiência de instrução e julgamento, para definir as condenações e quais serão as penas aplicadas aos golpistas.

Bolsonaro pode pegar mais de 20 anos de cadeia – especialmente após ser apontado como alguém que se envolveu diretamente no plano golpista. “O presidente recebeu e leu. Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor (Alexandre de Moraes) ficaria como preso. O resto, não”, disse Cid durante o interrogatório. 

De acordo com ele, a minuta previa a prisão do presidente do Senado, que na época se tratava do senador Rodrigo Pacheco, de vários ministros do Supremo e outras autoridades. Porém, ao receber o esboço de um decreto que seria publicado, Bolsonaro retirou os demais nomes e deixou o do ministro Alexandre de Moraes, que conduzia o processo eleitoral, à frente do Tribunal Superior Eleitoral.

Mauro Cid disse também que o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro no pleito de 2022, era o elo entre o Bolsonaro e os ocupantes de acampamentos golpistas montados em frente a quartéis-generais por todo o país. Os golpistas que estavam nas ruas recebiam instruções dos líderes da organização criminosa. 

Sem anistia

O presidente do PT, Humberto Costa, destacou que a minuta editada por Bolsonaro tinha como objetivo descredibilizar o processo eleitoral. “Mauro Cid confirma: o ex-presidente Bolsonaro recebeu e editou a minuta do golpe! Documento contestava, sem provas, o resultado das urnas e mandava prender o ministro do STF Alexandre de Moraes”, publicou ele nas redes sociais. 

— Humberto Costa (@senadorhumberto) June 9, 2025

Mauro Cid confirma: o ex-presidente Bolsonaro recebeu e editou a minuta do golpe! Documento contestava, sem provas, o resultado das urnas e mandava prender o ministro do STF Alexandre de Moraes. pic.twitter.com/UpJzx2oCPg

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, destacou que não deve haver anistia. Mauro Cid confirma tudo: Bolsonaro queria golpe e prender Alexandre de Moraes. Sem anistia! Bolsonaro preso já!”, publicou o parlamentar.

BOMBA! Mauro Cid confirma tudo: Bolsonaro queria golpe e prender Alexandre de Moraes.

SEM ANISTIA! BOLSONARO PRESO JÁ! pic.twitter.com/5DgrzhoPBX

— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) June 9, 2025

O deputado federal Bom Gass, vice-líder do governo Lula, destacou que hoje é um dia histórico. “9 de junho de 2025, dia histórico. Mauro Cid é tenente-coronel, militar de alta patente, e está no banco dos réus. Mesmo com Bolsonaro sentado logo atrás, ele confirma: na minuta do golpe, ex-presidente manteve intenção de prender o ministro Alexandre de Moraes. Era golpe mesmo”, escreveu ele. 

9 de junho de 2025, dia histórico!
Mauro Cid é tenente-coronel, militar de alta patente, e está no banco dos réus. Mesmo com Bolsonaro sentado logo atrás, ele confirma: na minuta do golpe, ex-presidente manteve intenção de prender o ministro Alexandre de Moraes. Era golpe mesmo! pic.twitter.com/kK3R2uCGmn

— Bohn Gass (@BohnGass) June 9, 2025

Da Redação