A Cidade e as Regionais

4 de janeiro de 2005 A Cidade e as Regionais

Fortaleza, segundo o Censo/2000, atingiu a cifra de 2.141.402 habitantes, que representa 71,69% da população da Região Metropolitana e 28,82% da população total do Ceará. Outro dado relevante é que o mais populoso dentre os municípios não metropolitanos – Juazeiro do Norte – possui 212.133 habitantes, isto é, 9,9% da população da capital do estado. Esses percentuais revelam o desequilíbrio socioespacial entre a capital e o interior.

Os 114 bairros da cidade foram distribuídos geograficamente em seis regiões administrativas, dentre as quais a Regional IV com 259.831 habitantes é a menor dentre elas, em termos populacionais. Tal número representa uma população superior a Juazeiro e a Caucaia, o segundo município em população do estado, com 250.479 habitantes. Assim, cada uma das regionais corresponde ao porte populacional desses dois municípios.

Demograficamente, verifica-se que os setores nordeste (Regional II) e noroeste (Regionais I, III e IV) são os mais ocupados em relação aos setores sudoeste (Regional V) e sudeste (Regional VI) da cidade. Daí, o setor sul de Fortaleza caracterizar-se como área de expansão urbana, enquanto o setor norte, no seu lado oeste apresenta as maiores taxas de densidade demográfica.

Quanto à renda, identifica-se que dos dez bairros com maior renda per capita de chefes de família um se situa na Regional VI e nove estão localizados na Regional II, a qual concentra 40,45% do total dessa renda. Já os dez bairros com menor renda estão assim distribuídos: seis bairros na Regional V, dois bairros na Regional I, um bairro na Regional III e outro na Regional VI. Portanto, o setor oeste reúne os bairros mais pobres da cidade.

Dentre os bairros, Meireles (Regional II) apresenta a maior renda per capita (R$ 4.289,36) e Parque Presidente Vargas (Regional V) a menor renda (R$ 269,63). Portanto, o mais rico possui uma renda 16 vezes superior ao mais pobre.

No tocante ao Índice de Desenvolvimento Humano do Município – IDH-M por região administrativa, verifica-se que do total de bairros da cidade, sete têm IDH-M alto e todos se situam na Regional II, 66 apresentam índice médio e 41 baixo.

A Regional II, reunindo 14,56% da população total da cidade, concentra 40,56% da renda total dos responsáveis por domicílios particulares e o melhor IDH-M da cidade em relação às outras regionais. No oposto, encontra-se a Regional V, a mais populosa das regionais, detendo apenas 10,33% dessa mesma renda e apresentado os piores indicadores sociais.

Estudar o presente da produção socioespacial de Fortaleza é debruçar-se sobre uma aglomeração urbana que tende a consolidar a ocupação da Regional II e expandi-la na Regional VI, através da construção das melhores condições de infra-estrutura e serviços, voltadas para privilegiar os segmentos de maior renda da cidade. Por outro lado, isso é realizado privando as camadas populares, em sua maioria morando no setor oeste, dos benefícios e melhorias urbanas que demandam historicamente.

Assim, a ”cidade dos ricos” segue na direção do litoral leste com sua imagem associada às atividades do ócio e do bem viver, enquanto a ”cidade dos pobres”, ao aproximar-se do Distrito Industrial de Maracanaú, a oeste, vincula sua imagem ao trabalho árduo da produção fabril e à precariedade das condições de vida.

Iniciar um processo de reversão dessa perversa desigualdade socioespacial é o maior desafio da gestão que se inicia sob o comando da Prefeita Luizianne Lins. Vencê-lo requer generosidade, paciência e determinação política no ato de administrar. Um exemplo disso é o governo Lula.

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