APRENDE, BOLSONARO!

7 de março de 2019

Por Moisés Braz

Com dois tuítes, Bolsonaro extrapolou os limites do bom senso, expôs o país de forma negativa em todo o mundo e evidenciou o seu total despreparo para exercer o cargo máximo do Brasil.

Ao expor um vídeo pornográfico como forma de revide por ter sido alvo de grande número de protestos, sátiras e críticas de foliões no Carnaval, Bolsonaro – ou a porção ajuizada do seu governo – teve de se retratar oficialmente por meio da Comunicação do Palácio do Planalto. “Não foi bem isso que ele quis dizer”, disse o protocolo oficial.

Quando você tem de explicar aquilo que quis dizer, é porque não conseguiu – ou não soube -, se comunicar de forma eficiente.

Acompanhar a repercussão do ocorrido é se espantar ainda mais a cada notícia, vídeo ou comentário a respeito da falta de capacidade demonstrada pela figura responsável por conduzir os destinos do Brasil.

O revide ressentido do presidente também deixou perplexos os jornalistas e veículos os mais importantes da imprensa mundial. Recebeu repúdio dos seus acólitos e provocou até abertura de discussão para um pedido de impedimento por quebra de decoro, este sim previsto na Constituição em seu artigo 9º.

Como bem observou um usuário do Twitter, no Carnaval teve vídeo de um bloco que todo mundo parou, sentou no chão e ficou em silêncio para encontrar a mãe de uma criança perdida. Teve vídeo em que foliões fizeram uma vaquinha para um catador de recicláveis. Teve o enredo da campeã do Carnaval do Rio de Janeiro homenageando heróis esquecidos da história brasileira, para ficar apenas em um exemplo entre as escolas.

Mas, dias após elogiar um ditador pedófilo, Bolsonaro reduziu a grandeza e a importância cultural, social e econômica a um fato isolado que nunca foi marca principal do Carnaval em todas as regiões do país.

Levou uma reprimenda até do carnavalesco da Mangueira: “esse é um recado político para mostrar ao presidente que carnaval é a festa do povo, da cultura popular, e não o que ele acha que é”.

Há quem defenda ter sido a manifestação de Bolsonaro feita de caso pensado para afastar a atenção do país dos temas realmente importantes, como o governo claudicante e sua impopular proposta de Reforma da Previdência. Deu com os burros n’água.

No fundo, a letra do samba-enredo da Mangueira trouxe ao centro do debate a resistência dos esquecidos e marginalizados pela história do passado e pelo presente do Brasil.

“Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de Cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati.”

Aprende, Bolsonaro!

Compartilhe

Recomendados

Sem categoria
Nota oficial do Partido dos…
26 de agosto de 2022