1º de Maio: em tempos de pandemia é prioridade unificar as esquerdas contra as políticas neoliberais. Viva a luta da classe trabalhadora! Fora Bolsonaro!

28 de abril de 2020

O 1º de Maio de 2020 provavelmente será o mais atípico da história internacional. Ele acontecerá em um contexto de duas graves crises que se combinam: uma sanitária, em virtude da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e outra econômica, ambas com efeitos nefastos na vida da população mundial, em particular, dos setores mais pobres e vulneráveis.

Contudo, embora essas duas crises tenham estreita relação e consequências mútuas, uma não pode ser vista como causa da outra. Ainda que a pandemia do coronavírus atinja em cheio as economias mundiais, ela é apenas mais um elemento novo dentro de um contexto de crise estrutural do capitalismo global, que teve suas origens ainda nos anos de 1970 e, desde lá, passa por diversas transformações, alterando a dinâmica econômica, social, do trabalho e da classe trabalhadora, intensificando-se nos anos 2007-2008 quando estoura a “bolha imobiliária” nos EUA.

No Brasil, vivemos uma realidade mais dramática ainda. Além de economia em frangalhos e a ameaça real do coronavírus sobre a população, temos uma crise institucional promovida pelo atual presidente Bolsonaro que ameaça à democracia do país. A eleição de Bolsonaro é fruto de uma aliança dos setores ultraconservadores, militares, setores evangélicos, políticos que sempre representaram o que há de mais atrasado no país, além da política de ódio ao PT e aos governos petistas, disseminada sistematicamente pelas suas milícias digitais e a Rede Globo, setor hegemônico da imprensa brasileira. É também o coroamento do golpe parlamentar-midiático-jurídico-patriarcal de 2016 que destituiu Dilma Rousseff, presidenta eleita democraticamente e posteriormente a prisão, arbitrária e sem provas, do ex-presidente Lula.

O atual governo tem promovido os maiores retrocessos em diferentes áreas e dimensões da vida social. Explícita e orgulhosamente elitista, racista, lgbtofóbico, misógino e de cunho fascista, ele ataca sem trégua os direitos, a dignidade e a vida da população mais pobre, periférica, dos negros/as, indígenas e quilombolas, das mulheres e da população Lgbtqi+ incitando o preconceito, a violência e a discriminação contra esses segmentos.  

Sua política econômica ultra neoliberal aprofunda desigualdades e retira direitos. A concretização das contrarreformas previdenciária e trabalhista, iniciadas no governo Temer, o desmonte do Estado e de importantes políticas e programas sociais inclusive alguns criados durante os governos Dilma e Lula, como Bolsa Família e Mais Médicos – representou uma derrota para a classe trabalhadora e para os movimentos sociais.  Os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros/as além do desemprego, sofrem cada vez mais com a informalidade, a precarização do trabalho e de suas condições de vida.

Bolsonaro tem demonstrado claramente sua incapacidade de liderar as ações necessárias tanto à retomada da economia quanto ao enfrentamento do coronavírus para garantir a proteção da saúde e das condições materiais, em particular, daqueles mais empobrecidos. Ao contrário, sua postura tem sido de total irresponsabilidade para com a vida da população ao ir contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS, como o distanciamento social, principal estratégia para evitar a contaminação pelo coronavírus. Com sua lógica perversa e campanha de morte “O Brasil não pode Parar”, exige que os trabalhadores/as sacrifiquem suas vidas para garantir a continuidade da exploração e do lucro dos empresários e patrões.

Mas se por um lado o governo privilegia o salvamento da economia em detrimento da vida e da saúde de milhões de brasileiros e brasileiras, por outro, a pandemia do coronavírus desafia a tese do Estado mínimo, central no neoliberalismo. O que presenciamos é a exigência cada vez maior da intervenção do Estado nas políticas sociais, em particular na área da saúde e assistência social.

       Diante do contexto mais geral da realidade brasileira, de acirramento da luta de classes, de destituição dos direitos da classe trabalhadora e mais especificamente, da ameaça real à vida da população em virtude do coronavírus, o que nos resta é construir unidade – do campo popular, da esquerda, dos movimentos sociais e das frentes de esquerda (Brasil Popular e Povo Sem Medo) -, a defesa do emprego, do Estado forte e voltado às pessoas que mais precisam, do Sistema Único de Saúde – SUS, da proteção dos salários e garantia da vida com dignidade.

 O Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras é central nesse processo, enquanto maior partido da América Latina, com sua trajetória de luta e organização em defesa do povo e sua experiência no governo central. É preciso resgatar o projeto de nação, organizar o nosso povo, derrotar o neoliberalismo e o governo Bolsonaro.

Além disso, é necessário garantir alternativas para a classe trabalhadora, avançar no debate da taxação das grandes fortunas, como estratégia principalmente para o momento pós-pandemia. Neste 1º de Maio, em um momento tão difícil que atravessamos mais que nunca é preciso unir a classe trabalhadora, fomentar a solidariedade e defender a saúde, a vida plena e digna.

Raimundo Ângelo

Secretário Estadual de Formação Política do PT Ceará.

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