“Nós estamos fazendo e alguns estão dizendo que são obras eleitoreiras, mas se nós não fizéssemos continuariam sendo eleitoreiras, para eles. Porque aí, todos eles já estariam fotografando, filmando, para colocar em seus programas de televisão”, disse o presidente durante seu programa semanal de rádio.

“Ora, entre a briga partidária e o povo, vou ficar com o povo. Entre não fazer e ser criticado e fazer e ser criticado, eu prefiro fazer”, argumentou.

Lula explicou que só agora o governo tem os recursos necessários para recuperar as estradas. Segundo ele, houve pouco dinheiro em 2003, R$ 2,5 bilhões em 2004 e só em 2005 foi possível investir R$ 6 bilhões.
“Portanto, somente agora é que nós temos os recursos para fazer aquilo que deveria ter sido feito há 10, 15 anos, ou no meu primeiro ano de governo”.

Ele falou também da utilização dos recursos da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico) – imposto cobrado sobre os combustíveis para a manutenção das estradas – e das acusações de que o governo não estaria utilizando devidamente a verba.

Segundo o presidente, a Cide arrecadou em 2005 R$ 7,7 bilhões, dos quais 29% foram repassados aos Estados. A União ficou com R$ 5,4 bilhões e o governo investiu R$ 6 bilhões na área de transportes, recurso superior ao arrecadado com o imposto.
“Mesmo passando a Cide para alguns Estados, eles não fizeram as estradas que tinham sido contratadas pela Medida Provisória 82 feita ainda no governo passado”.

Herança

Lula afirmou que espera chegar ao final de seu mandato com estradas em melhores condições. “Certamente, não vamos chegar no ideal, porque são 26 mil quilômetros de estradas que estão em situação de precariedade”, disse ele.

Segundo Lula, ao assumir o governo, cerca de 37 mil quilômetros de estradas federais, dos 58 mil existentes, estavam deteriorados. Restam agora 26 mil quilômetros de estradas a serem recuperadas, dos quais cerca de 19 mil já estão licitados e contratados para a restauração. Dos 7 mil quilômetros ainda não licitados, 5 mil são de estradas que foram estadualizadas no governo anterior.

Corredor turístico

O presidente também falou sobre a importância da duplicação da BR-101, no trecho em que corta a região Nordeste.
“Essa obra é uma promessa feita há muitos anos. É uma obra extremamente importante porque é um corredor turístico para quem quer percorrer o Nordeste”.

Lula visita no dia (16/01) as obras na rodovia, iniciadas em três Estados: Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. O serviço está sendo executado pelo Batalhão de Engenharia e Construção do Exército e não faz parte do plano de recuperação das estradas federais. A BR-101 vai do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte.

De acordo com Lula, o governo pretendia iniciar a obra em março de 2005, mas empresas que perderam a licitação questionaram o processo por meio de recursos judiciais e atrasaram a execução.
A solução foi entregar parte da duplicação e restauração ao Exército. “Não podemos ficar esperando a briga entre as empresas. A obra toda tem 336 quilômetros de extensão. Nós estamos dando para o exército fazer 142 quilômetros.”

O presidente disse ainda que se a disputa judicial não for resolvida, a obra poderá ser toda realizada pelo Exército brasileiro. “O que queremos é garantir que as pessoas tenham facilidade para transitar no nosso país”, assegurou.

Segundo Lula, a obra vai custar R$ 1,5 bilhão. O valor do trecho coordenado pelo Exército fica em torno de R$ 520 milhões. Nos trechos visitados pelo presidente estão sendo feitas a duplicação e restauração da pista, a construção de viadutos, de passarelas, de vias laterais e o alargamentos de pontes.

Ponte Brasil-Peru

Uma ponte que faz a ligação entre o Brasil e o Peru será inaugurada nesta semana, no Acre, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “É uma ponte que vai permitir o comércio com facilidade entre Brasil e Peru e vai permitir o trânsito de pessoas”, afirmou Lula, ainda no programa de rádio.

Ele destacou a importância da obra com a construção da rodovia Interoceânica, estrada que vai ligar o Norte do Brasil ao Peru, país com saída para o Oceano Pacífico. “Vou inaugurar essa ponte como um passo muito importante na integração da América do Sul”, ressaltou.

O presidente lembrou que essa é a segunda ponte que faz parte do compromisso do governo brasileiro de integrar a América do Sul. A outra liga o Brasil à Bolívia e foi inaugurada em agosto de 2004.