Presidente do PT defende ampla aliança em 2006

O presidente estadual do PT, o arquiteto Joaquim Cartaxo, defendeu, em entrevista ao Jornal O Estado, a construção de um amplo arco de alianças para as disputas em nível nacional e estadual. Para concorrer ao governo estadual, o petista elencou quatro prováveis nomes: José Airton e Ilário Marques, ambos do PT; Cid Gomes, do PSB e Eunício Oliveira, do PMDB. No entender do presidente do PT, o projeto a que pertence o atual governador estaria “esgotado”. Sobre a situação do partido no Ceará, Cartaxo alegou que o partido não teve a imagem abalada, mesmo depois de dois de seus membros terem sido alvos de processos na Assembléia Legislativa.
O ESTADO: O PT vai sair com candidato próprio para o Governo do Estado?
JOAQUIM CARTAXO: Não podemos reduzir a discussão de uma estratégia eleitoral a essa polêmica: se o PT vai ter candidato próprio ou não vai ter. Em uma estratégia eleitoral, isso é o final, porque há outras variáveis que têm que ser computadas. O PT é um partido nacional, com representação em todos os Estados, então quer disputar as eleições. E do ponto de vista do partido nos Estados, isso tem que estar integrado e articulado com o projeto nacional do partido, que é reeleger o presidente Lula. A variável da eleição do presidente Lula pesa muito na decisão que o PT vai tomar.
OE: A príncipio, qual a estratégia do PT para disputar essa eleição?
J.C.: Qualquer que seja a situação, o PT tem uma tese. A presidência do PT defende que o partido concentre suas energias em fazer um amplo arco de alianças no Estado do Ceará. Esse arco tem que estar articulado com a campanha nacional e com o objetivo de eleger o governador no Ceará. Montar esse arco de alianças no Ceará é extremamente importante. Há uma conjuntura local extremamente favorável às forças que tendem a se agrupar neste arco de alianças, que é o PT, o PSB e o PC do B, aliados históricos do Partido dos Trabalhadores. O PSB, por exemplo, está na vice-prefeitura de Fortaleza, tem acompanhado o PT no Estado assim como o PC do B. E se agrega agora a essa tendência de compor esse arco o PMDB, fora outros partidos que participam da base aliada do governo Lula e participam também aqui da base aliada da prefeita, como, por exemplo, o PHS, partido do presidente da Câmara Municipal de Fortaleza.
OE: Quais seriam os nomes fortes que poderiam disputar as eleições?
J.C.: Este campo de forças tem hoje os melhores nomes para disputar o Governo do Estado. Este bloco de forças de oposição tem hoje à disposição nomes como o petista José Airton Cirillo, candidato a governador em 2002, temos o nome do prefeito Ilário Marques, que vem se destacando como administrador público, na região de Quixadá, tem o nome do ex-prefeito de Sobral, Cid Gomes e Eunício Oliveira. Temos três nomes de peso eleitoral, com referência administrativa, além do deputado Eunício Oliveira. Ou seja, politicamente esse campo está extremamente bem servido de opções para no momento certo definir qual é o caminho, qual é o nome que vai poder liderar esse processo. São quatro nomes que têm todas as condições de serem candidatos a governador ou ocuparem as outras opções de uma composição dessa natureza.
OE: O PT vê algum problema em ocupar a vaga para vice?
J.C.: Esse é um problema da conjuntura. O PT tem seus nomes, mas ele tem que estar aberto a conformar; ou seja, se nós temos um objetivo eleitoral, então vamos fazer um arco de alianças e a partir daí discutir qual o melhor nome para que esse objetivo seja alcançado.
OE: Em caso de uma provável aliança com o PSB, que quer Cid Gomes como candidato, quem seria um possível nome do PT para vaga de vice?
J.C.: Eu poderia desenhar cinco ou seis cenários, mas no momento certo nós veremos qual será o melhor cenário.
OE: Poderia ser, no caso, Cid para governador, um petista para vice e Eunício para senador?
J.C.: Tem até a possibilidade do cenário do presidente da Assembléia Legislativa, Marcos Cals, que se pode colocar também na pauta. Qual o seu cenário – que o PSB seja vice do candidato do PSDB? Esse é um cenário. Acho um cenário difícil de acontecer, mas eu sou daqueles que pensa que se em um milhão de chances existe uma, então há uma chance. O que eu quero dizer é que, nesse momento, os cenários e possibilidades estão muito amplos ainda. Ainda estamos no início de janeiro, e os partidos só vão ter suas convenções para definir isso em junho, então é um tempo muito cedo para dizer que o vice de fulano é beltrano. Quem disser isso está fazendo mera especulação. Hoje o PSB tem um nome, o PT tem dois nomes. Pode ser que depois do carnaval, o PC do B diga: olha, eu tenho um nome também – o Inácio Arruda. O PC do B está colocando um nome, e vai-se dizer que o Inácio Arruda não tem perfil e potencial eleitoral e político para liderar esse processo? Tem. O que é prematuro é tentar fechar esse nome agora.
OE: Como o senhor vê uma possível aliança com o PMDB?
J.C.: Será bem-vinda, está na base do governo. É uma coligação bem vista.
OE: O Senhor acha que a prefeita apoiaria um candidato que não fosse do PT?
J.C.: Eu ainda não perguntei pra ela. Temos que nos reunir para ver isso.
OE: Afinal, Luizianne tem uma força eleitoral muito forte na capital…
J.C.: Claro, a prefeita precisa opinar sobre isso – qual a posição dela, qual o caminho que ela vai tomar internamente, afinal de contas ela está administrando 30% do eleitorado do Ceará, isso é uma coisa que conta muito. Por exemplo, pode ter um cenário: se a prefeita disser que quer ser candidata a governadora? Seria outro nome, no caso. Ou seja, é um cenário, um cenário pouco provável, mas um cenário.
OE: No Ceará o PT também teve sua imagem arranhada, com dois deputados do PT, Íris Tavares e José Nobre Guimarães, envolvidos em escândalos, um deles inclusive quase teve o mandato cassado. Como o senhor analisa esses fatos?
J.C.: Eu não percebi até agora a imagem do PT ter sido abalada em função desses dois casos. Particularmente porque o PT saiu vitorioso nos dois casos, conseguiu uma vitória política. No primeiro caso, o da deputada Íris Tavares, o processo foi arquivado, e no segundo caso, conseguimos uma vitória e derrotamos o PSDB. O objetivo do PSDB era cassar o deputado José Guimarães. Só lembrando que o parecer do deputado Antonio Granja era pela suspensão de 30 dias, e isso não atendeu ao PSDB. Havia uma punição ao deputado, mas o PSDB disse: _ Não, nós queremos é cassar.
Foi o PSDB que fez com que o parecer do deputado Antonio Granja fosse derrubado e substituído pelo parecer do deputado Moésio Loyola que era pela cassação. O PSDB foi às ultimas conseqüências nessa disputa, de natureza política eleitoral. Eles sabem da importância do PT na composição desse arco de aliança, a capacidade do PT de agregar esses aliados. O PSDB vai fazer de tudo para que essas forças não se aglutinem. Eles foram às últimas conseqüências na Assembléia e perderam. Não conseguiram unificar nem a bancada deles em torno desse objetivo. O Governo e o PSDB foram derrotados. Essa vitória do PT , das forças que se aglutinaram em torno do PT contra a cassação do deputado José Guimarães repercutiram muito bem na opinião publica.
OE: O deputado José Guimarães sempre foi um dos grandes nomes do PT no Estado. Após esses escândalos, ele continua sendo um dos homens fortes do partido?
J.C. Ele continua sendo um grande nome no Ceará. Porque que o PSDB quer cassá-lo? Pela importância política que ele tem no Estado do Ceará. Do ponto de vista do partido, ele continua sendo uma grande liderança dentro do partido, um grande articulador político, se não fosse não teria saído vitorioso. Tem que se dar o mérito à sua capacidade de articulação, que conseguiu articular dentro da AL um campo de forças que garantiu sua vitória e conseqüentemente a derrota do PSDB.
OE: José Airton Cirillo reuniu uma série de documentos comprovando irregularidades na campanha ao Governo do Estado de Lúcio Alcântara e afirmou ter entregado ao partido, para que tomasse as devidas providências. Como anda o caso? Essa documentação já foi entregue?
J.C.: Há vários processos correndo em segredo de Justiça, na Polícia Federal. Mas como está em segredo de Justiça… só sei que existem os processos. O Zé Airton deve estar acompanhando tudo isso, porque são processos de natureza eleitoral movidos pela campanha.
OE: Como está sendo vista a posição do deputado Artur Bruno na AL em relação ao caso Guimarães?
J.C.: Essa situação já está para ser equacionada. Houve uma reunião da Executiva, onde estava presente o deputado Artur Bruno. Ele expôs, de forma mais explícita, razões de natureza pessoal. Segundo ele havia pressão da família no sentido que ele abandonasse esse caso. Agora, politicamente, isso ainda não foi analisado. Isso aconteceu na segunda reunião da Executiva. Nós não tínhamos, como Executiva, condições de participar do processo, de toda a estratégia que foi montada dentro da ALEC. Foi a bancada que tratou disso. Então, se tomou a deliberação de que a bancada continuava a tratar até o final.
JORNAL O ESTADO – 09/01/2006
P/Rocélia Santos
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