O Futuro do PT

5 de agosto de 2005 O Futuro do PT

Após uma fase em que havia dúvidas sobre a natureza das denúncias, a direção nacional do PT acolheu e apoiou todas as investigações e reiterou a defesa da punição exemplar dos culpados. Além disso, tomou uma série de decisões para restabelecer as responsabilidades internas.

Neste momento, devemos inaugurar um período de reorientação, de que dependerá o futuro do nosso partido — o que passa necessariamente por um processo que pode ser chamado de refundação, com a criação de novas formas de procedimentos internos, de cuidado redobrado com as relações que estabelece e de apartação das finanças partidárias de sua vida política, além de uma reflexão sobre programa e estratégias partidárias.

O futuro do PT passa também pela reafirmação de seus valores e de seu patrimônio histórico, reconhecidos pela imensa maioria da população, independentemente das convicções políticas de cada um. O PT e os petistas tiveram e têm um papel fundamental na construção da democracia brasileira, na criação de um tecido social firme, que impede qualquer tentativa de desestabilização das instituições democráticas, e na afirmação da ética como premissa para o exercício saudável da política.

Tradicionalmente, as organizações sociais, que o partido ajudou a construir, alimentam a cultura democrática do PT, que foi incorporando as reivindicações das minorias étnicas e abraçando as causas dos sem-terra, dos sem-teto, de grupos ambientalistas. Essas bandeiras sempre foram e continuarão a ser o norte de nossas discussões e de nossos posicionamentos.

O PT deverá discutir ainda, neste processo, a consolidação das políticas patrocinadas pelo nosso governo. No comando do governo federal, o PT, apoiado por vários partidos, acumulou realizações importantes. Fez o Brasil voltar a crescer após anos de estagnação; criou mais de 3 milhões de empregos formais; está proporcionando a inclusão de 8 milhões de famílias no programa Bolsa Família; lançou o ProUni, com 31 novos campus universitários e mais de 760 mil novas vagas no ensino superior; ampliou o crédito para micro e pequenas empresas; e quadruplicou o financiamento inédito da agricultura familiar, que está permitindo a expansão do mercado interno.
O que está em jogo hoje, portanto, além da apuração da verdade sobre fatos denunciados, é a continuidade de um projeto democrático de esquerda que promove avanços sociais e políticos e que busca superar anos e anos de injustiças e privilégios.

Os resultados colhidos até aqui pelo governo Lula apontam para a conclusão de um mandato presidencial bem-sucedido e de grande importância para a população brasileira. A liderança de Luiz Inácio Lula da Silva é evidente e se mantém sólida, conforme mostram pesquisas de opinião divulgadas nas últimas semanas.

Mas o PT não pode deixar de assumir seus erros. E entendemos que a atual crise política — e o futuro do próprio partido — só terá uma solução positiva se, além das investigações isentas e transparentes, da reestruturação partidária interna e da punição de eventuais culpados, o Congresso Nacional realizar uma ampla reforma política e eleitoral. É preciso reduzir os custos das campanhas, mitigar a influência dos “marqueteiros”, proibir showmícios e brindes de campanha e trazer a política para o debate de idéias e propostas. É urgente a fidelidade partidária rigorosa e o financiamento público de campanha, com penas rigorosas para quem buscar dinheiro fora dele.

O PT pode dar essa contribuição, no momento em que sofre, para que a democracia se consolide e que o poder econômico não distorça a democracia nem que os operadores profissionais criminalizem a atividade política.

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