Integrantes do governo e do PT presentes na edição americana do 6º Fórum Social Mundial avaliam que a imagem do partido e do governo Lula entre os movimentos sociais participantes do evento não foi afetada pela crise política de 2005. Os militantes de esquerda estariam distinguindo o que há de concreto na crise política que envolveu o PT e o não passa de disputa político-ideológica.

As afirmações dos petistas foram feitas durante café da manhã de representantes da Executiva Nacional do PT – o secretário-geral, Raul Pont, e o secretário de Relações Internacionals, Valter Pomar – com a imprensa na manhã de quarta-feira. O presidente Ricardo Berzoini cancelou sua ida ao FSM por causa de problemas de agenda.

“Quem é bem informado difere claramente o que foram problemas circunscritos a alguns dirigentes e pessoas que foram já apontadas por isso e o que é o partido. Nós renovamos a direção do partido pelo voto direto. Que outro partido fez isso?”, questiona o secretário-geral do PT, Raul Pont. Para ele, o não-reconhecimento desse processo que o PT empreendeu deve-se à disputa política.
Repercussões

Respondendo a um jornalista que lhe perguntou se a crise política no Brasil “ecoa” no fórum, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, disse que o que percebe é uma repercussão das transformações sociais em curso no Brasil, como o fortalecimento da agricultura familiar, a queda nas taxas de desmatamento. “Eu sinto um interesse muito grande pelos processos de transformação social”.

Para Dulci, o fato de alguns governos de esquerda no continente estarem avançando com mais velocidade nas reformas em seus países do que outros não deve servir como fator de divisão. “A questão não é andar rápido ou devagar, é fazer as mudanças de que o país necessita. Cada país tem seu ritmo, até porque cada país tem sua história”, afirmou. “O que deve unificar são as causas, os valores de aprofundamento da democracia, distribuição de renda, criação de emprego, soberania nacional, integração continental.”

O PT também trouxe um informativo especial em português, espanhol e inglês para distribuir no fórum, com o titulo de “PT, Saudações” (clique aqui para ler o conteúdo).

Agenda movimentada

Após conversar com órgãos de imprensa brasileiros e internacionais, Pont e Pomar fizeram uma miniplenária com outros petistas que estão participando do fórum: o diretor da Fundação Perseu Abramo, Ricardo Azevedo, e outros dois membros da FPA; os prefeitos Elói Pietá (Guarulhos) e Ary Vannazi (São Leopoldo); os parlamentares Renato Simões (deputado estadual PT-SP), Simão Pedro (deputado estadual PT-SP),Wagner Lino (vereador de São Bernardo do Campo); Eduardo Tadeu, prefeito de Várzea; o presidente do PT-BA, Marcelino Gallo; o 1º vice-presidente da UNE, Mauricio Piccin; membros das equipes de governo de Guarulhos, Várzea e São Leopoldo e petistas ligados a movimentos sociais e outras entidades.

Depois os petistas mantiveram diversos contatos e reuniões com os partidos ou com integrantes de partidos do Foro de São Paulo ou amigos do PT, entre os quais PC de Cuba, PC do Chile, URNG (Guatemala), Partido Socialista Francês, Partido Comunista Francês, diversos partidos e movimentos da Colômbia e Argentina, além do prefeito de Nanterre e de um representante da direção da CTA argentina.

Valter e Pont também participaram nesta quarta-feira de ato em homenagem ao líder salvadorenho Schafik Handall, morto ontem de parada cardíaca.

Uma comissão de petistas deve integrar-se ao vôo que sairá da Venezuela, em direção a El Salvador, para render homenagens e participar do enterro.