CPI dos Bingos isenta Dirceu e Palocci

12 de janeiro de 2006 CPI dos Bingos isenta Dirceu e Palocci

Concluído desde o final do ano passado, o relatório parcial da CPI dos Bingos que trata do caso GTech listará indícios de cobrança de propina na prorrogação do contrato entre a empresa e a Caixa Econômica Federal, mas isentará o ministro Antonio Palocci (Fazenda) e o ex-ministro José Dirceu de responsabilidade pelas negociações.

O parecer, de autoria do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), deveria ter sido apresentado no início de dezembro, mas foi adiado sob o argumento de que a proximidade do recesso retardaria a sua votação. Como a CPI só volta na próxima semana, Garibaldi marcou para o dia 18/01, a nova data da leitura do parecer.

No texto, Garibaldi apenas citará Dirceu (que ocupou a Casa Civil até metade do ano passado) e Palocci devido às respectivas relações pessoais com Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil, e Rogério Buratti, ex-secretário de Palocci em sua primeira gestão em Ribeirão Preto (SP).

“Eles são citados, mas sem nenhuma profundidade. Em relação a Palocci, foi dito que ele tomou conhecimento da proposta por meio do Buratti, mas o próprio Buratti provou que ele tinha recusado”, disse Garibaldi.

“Quanto a José Dirceu, não há citação que o comprometa. No caso da GTech, há um dos menores envolvimentos dele explicitamente.”

A conclusão da CPI é que há elementos que apontam a ocorrência de pagamento de propina no processo de prorrogação de um contrato de R$ 650 milhões, em 2003, entre a Caixa e a GTech, responsável por gerenciar loterias.

Segundo a GTech, Buratti e Waldomiro pediram R$ 6 milhões para permitir o sucesso da negociação. Na versão de Buratti, a GTech ofereceu, por meio do ex-gerente de marketing Marcelo Rovai, até R$ 16 milhões.

O parecer cita um trecho do depoimento de Buratti à CPI, em outubro: “[Rovai] Fez uma proposta de propina ao PT e eu levei ao Ralf [Barquete, ex-consultor da presidência da Caixa e ex-secretário de Palocci], que levou para o ministro e ele rejeitou”.

Seriam indícios de negociação de propina, conforme o relatório: a intensa troca de telefonemas entre os investigados no período da prorrogação do contrato, denúncias feitas por eles próprios e depósitos de R$ 5 milhões da GTech na conta da MM Consultoria, de Minas Gerais, no período das negociações. A CPI suspeita que a empresa funcionava como laranja.

A responsabilidade recairá, segundo Garibaldi, à GTech e aos dirigente da Caixa. “Eu cheguei à conclusão de que há nesse episódio uma série de crimes, como tráfico de influência, formação de quadrilha, falsidade ideológica.”

As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

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