A visita foi organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese do Crato e fazia parte da programação do Curso/treinamento dos Agentes da Pastoral extensivo a trabalhadores (as) que se identificam com a luta por
Terra, Água e Direitos.

O Encontro visava também a preparação para o I CONGRESSO DA CPT/REGIONAL a realizar-se nos dias 20 E 21 DE ABRIL NA DIOCESE DE CRATEÚS, berço da CPT do Ceará. No dia 20 (quarta – feira) à noite, será feito o lançamento da cartilha “Conflitos no Campo-2004” e o lançamento da campanha pela federalização do caso DOROTHY.

Voltando ao tema que deu início ao nosso comentário, era o aniversário de 14 anos do Assentamento “Dez de Abril” que desde 1981 vem resistindo com muita garra no enfrentamento das dificuldades, descaso e preconceitos por parte de alguns que teimam em ignorar o valor daquela gente. São cerca de 60 famílias que insistiram em permanecer na terra que sonharam e hoje dão seus testemunhos da experiência, carregados de sofrimento, esperança e muita emoção.

As narrativas daquela comunidade, são testemunhos de quem viveu os piores momentos, embora alternados de alegrias e tristezas, de tensão e relaxamento de esperança e de desilusão. Alguns não suportaram a barra e jogaram a toalha, abandonaram e barco e desistiram da luta. Quem perseverou, está comemorando estes 14 anos, preparando a Festa da Colheita que será celebrada dentro em breve.

A apresentação musical por parte das crianças aplaudidas por todos, abrigados pela sombra da frondosa cajaraneira, com direito ao desfile cujas madrinhas eram as próprias mães, tias ou irmãs, foi um momento de grande alegria. Mas o momento de maior emoção foi quando Olga, 14 anos, 7ª série, nascida numa barraca de lona do assentamento, fez seu depoimento. Neste momento, foram poucos os que conseguiram segurar uma lágrima, que insistia em rolar por uma face admirada e agradecida. A experiência que vivi neste dia 10 de abril, no Assentamento “Dez de Abril” no município do Crato, jamais será esquecida.