BNB quer reduzir 25% dos juros

O presidente do BNB, Roberto Smith, apresenta no dia 18/01, ao ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, pedido formal de redução de 25% nos juros do Fundo Constitucional de Financiamento Econômico do Nordeste (FNE).
A intenção é reduzir as taxas do FNE de 14% para 10,5%, ao ano, seguindo a mesma trajetória da TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo), que recuou de 12% para 9%, ao ano. Se acatada, a medida servirá não apenas aos novos contratos, mas reduzirá em 25%, o valor das obrigações de pagamento dos juros dos contratos vigentes, beneficiando centenas de empresas na Região.
Os juros cobrados pelo BNB nos empréstimos feitos com recursos do FNE variam de 14% a 8,75% ao ano, sendo a maior taxa cobrada dos grandes empreendedores. Os médios pagam 12%, os pequenos 10%, e os miniprodutores 8,75%, ao ano.
Nesta entrevista, Roberto Smith aponta os caminhos por onde o BNB deve transitar este ano, para garantir os recursos necessários, que viabilizem a continuidade da expansão conseguida em 2005. Anuncia investimentos em tecnologia e faz revelações tardias, mas contundentes.
Diário do Nordeste — A redução das taxas de juros é um pleito antigo do setor produtivo. O BNB encampou definitivamente esta bandeira?. Que pleito o Sr. fará amanhã ao Ministro Ciro Gomes, em Brasília?
Smith — Vamos conversar com o Ministro Ciro Gomes. Levar a ele uma proposta de redução de 25% nas taxas de juros do FNE, conforme vem acontecendo com a TJLP, que, só em 2005, já recuou de 9,75%, para 9%, ao ano. A idéia é reduzir as taxas dos atuais 14% para 10,5%, ao ano. Mas precisamos também, conversar com o Banco do Brasil, que é o gestor do Fundo, e com o Ministério da Fazenda.
Diário do Nordeste — O Sr. esteve ontem, em Manaus, conversando com o presidente do Banco da Amazônia (Basa), Márcio Lima. A proposta é reduzir as taxas dos fundos de investimentos constitucionais das duas regiões?
Roberto Smith – Estive lá conversando sobre vários assuntos e sobre esse também. A proposta é reduzirmos as taxas dos Fundos Constitucionais do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste. O ideal é que seja uma ação integrada. O presidente do Basa também irá comigo a Brasília.
Quais os benefícios diretos para as empresas?.
Smith — Se aceita, a medida representa redução de 25% nas obrigações de pagamento das taxas de juros de todos os contratos de financiamento do FNE. A medida vai atingir os novos e atuais contratos vigentes, liberando um quarto dos recursos das empresas para aplicação em investimentos e capital de giro.
O mercado financeiro e o próprio governo vem sinalizando com redução nas taxas de juros neste ano. Esse é o momento certo de apresentar a proposta? A partir de quando acredita que poderá entrar em vigor?
Smith – É importante destacarmos que ainda não há nada definido, estamos conversando, e a decisão deverá ser conjunta dos ministérios da Integração Nacional e da Fazenda. Se entenderem que é viável, a proposta deve ser transformada em projeto de lei, a ser submetido ao presidente Lula. O momento é oportuno porque somente no ano passado, a TJLP recuou de 9,75% para 9%, ao ano.
Para 2006, o FNE só vai disponibilizar R$ 4 bilhões para toda a Região. A demanda por recursos é cinco vezes superior, já está próxima de R$ 20 bilhões …
Smith – A nossa idéia é de que teremos disponíveis este ano, entre R$ 4 bilhões e R$ 4,2 bilhões do FNE. Agora, é fato, temos hoje, R$ 500 milhões já aprovados pela diretoria. Temos mais R$ 4,5 bilhões em analise dentro do banco, e ainda mais um volume de quase R$ 20 bilhões de intenções de investimentos.
Será então 2006, um ano de escassez de recursos, quando a prática comum é de abertura das “torneiras” em ano eleitoral? Como o BNB pretende reverter esse quadro, e garantir a expansão conseguida em 2005?.
Smith – Desde do ano passado, vimos nos movimentando para aumentar as fontes de recursos do banco. Quais são? O Fundo da Marinha Mercante (FMM) é uma delas. Há uma decisão governamental de reforçar o papel do banco em relação a financiamentos na indústria naval. Agora, A orientação do presidente Lula de “abrir as torneiras” dos ministérios não chega ao banco, porque o BNB não recebe recursos orçamentários. As fontes de recursos do Banco do Nordeste são o FNE, que depende do nível de arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que estão crescendo, porque a economia está melhorando.
Qual o montante de recursos que pode migrar para o Nordeste a partir do FMM?
Smith – O volume vai depender da demanda de empreendedores, que queiram se valer desses recursos e do BNB para operacionalizá-los. Esses recursos se destinam ao reforço da frota pesqueira e mercante, além de estrutura naval e portuária. O objetivo é dar maior incentivo à pesca comercial no Nordeste.
Quais as outras fontes de recursos que o banco pretende garimpar?
Smith — Outra Fonte é o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), com o qual queremos operar com as mesmas condições de financiamento que são garantidas para o Fundo Constitucional. O Banco da Amazônia já obteve essa linha de crédito e nós a estamos buscando agora. Pretendemos ainda, interceder junto ao Banco Central, para flexibilizar normas de concessão de crédito com maior risco.
Sem recursos suficientes para atender a todas as demandas, que áreas serão priorizadas em 2006?
Smith – Para este ano, a meta é atender o maior número possível, e de maneira pulverizada, das demandas financeiras das micro e pequenas empresas, sobretudo dos centros urbanos da região. A modernização tecnológica é também um dos focos centrais de nossa administração para 2006. O nosso objetivo é modernizarmos o banco, estrutural e tecnologicamente, como forma de manter o ritmo de expansão verificado em 2005.
Modernização sugere investimentos. Quanto o BNB pretende investir em tecnologia este ano?
Smith – Este ano, pretendemos investir R$ 150 milhões em tecnologia, em informática nas agências. Pode parecer muito mas não é. Quando assumimos, o BNB havia oito anos que não se investia um centavo em tecnologia. E isso para uma instituição financeira é o caos.
Falando do passado e analisando os números divulgados recentemente pelo BNB, percebemos incremento de 32,9% em contratações de operações de crédito em 2005, sobre 2004, e de até 1.540,4%, quando comparamos os R$ 4,173 bilhões do FNE aplicados em 2005, sobre os R$ 254 milhões, investidos em 2002. Qual a estratégia de aplicação de recursos utilizada nesta administração, em relação a anterior?
Smith – Quando assumimos o banco, ele vinha operando em escala muito reduzida, ou seja, do R$ 1,8 bilhão recebido do FNE, em 2002, aplicou apenas R$ 254 milhões. O banco não estava aplicando os recursos disponíveis, preferia estocá-los dentro do banco, em aplicações financeiras. Isso, diante de um cenário de taxas de juros elevada, gerava remuneração para o BNB, mas não cumpria com a sua finalidade de promover o desenvolvimento regional. A alegativa era a de que faltava demanda de financiamentos para investimentos.
Qual foi então a estratégia adotada?
Smith – Inicialmente criamos uma diretoria voltada para atração de negócios, de investimentos, e fomos para a estrada conversar com todas as federações de agricultura, do comércio e indústria, centrais de trabalhadores e até com o MST, com os governadores. Mostramos que o banco tinha recursos baratos, mas que não estavam sendo captados. Ampliamos a publicidade e os resultados vieram. Internamente, procuramos melhorar e aperfeiçoar os mecanismos de governança corporativa, criando instrumentos para assegurar ao crédito, aos recursos públicos, maiores garantias como forma de evitar crescimento paralelo das inadimplências.
Da forma como o Sr. fala, transmite a idéia de que o banco não tinha uma gerência responsável e que faltava organização e foco na administração dos recursos do FNE?
Smith – Eu diria mais do que isso. Quando assumimos, o BNB estava sucateado. Além da defasagem tecnológica, a inadimplência era muito grande. Havia a idéia de que, por ser dinheiro público, o banco não devia cobrar. Então, após organizarmos a casa, mostramos a nossa disposição de cobrar os inadimplentes, inclusive com ajuizamentos dos processos. Criamos agências epecíficas de recuperação de crédito e, hoje, já recuperamos R$ 2,45 bilhões de créditos inadimplentes. Tudo isso feito com muita conversa
Qual era a inadimplência na época e quanto é hoje?
Smith – De 2002 para 2005, conseguimos reduzir a inadimplência dos empréstimos de 37,5% para 28,4%. Nesses três anos, o índice de inadimplência dos recursos aplicados é de apenas 1,6%, nas operações contratadas pela atual administração.
Reorganizada a casa, reduzida a inadimplência, o que fazer para que crédito chegue de maneira mais ágil e barata na mão dos micros e pequenos empreendedores, ou seja das empresas?
Smith – Nos últimos três anos foram injetados R$ 8,73 bilhões na economia do Nordeste, através do FNE, sendo R$ 764 milhões em operações de crédito no Ceará, somente em 2005. A redução do valor médio dos financiamentos e descentralização dos recursos foi outra estratégia adotada para atender um maior número de empresas e de municípios, a partir a criação das superintendências estaduais. Hoje, dos 1.950 municípios nordestinos, estamos operando em 1.947, a partir de 180 agências.
Apesar do incremento do volume de recursos contratados, muitos empresários reclamam da burocracia, da demora na hora de contratar os empréstimos. O que fazer para emprestar mais, com maior agilidade?
Smith – Há dois tipos de burocracia. Uma que o banco tem de cumprir em obediência a resoluções normativas do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional (CMN). Muitas dessas porém, com certa dose de irracionalidade. Nessas, temos atuado no sentido de mudarmos as que achamos que são apenas empecilhos. Existe também, aquelas internas do banco, que também precisam ser remodeladas. Estamos avançando.
Os resultados operacionais do BNB em 2005 mostram evoluções recordes de operações de crédito do FNE, superiores a R$ 6,023 bilhões e expansão de atendimento para 98,7% dos municípios nordestinos. O que esses números representam em termos de benefícios para a região, para a melhoria da vida do cidadão nordestino?
Smith -A gente não deve isolar os números do BNB apenas em termos da melhoria das condições da população em geral, menos assistida. Mas, enquanto banco de desenvolvimento, que privilegia as operações de investimento, que implica no aumento da capacidade produtiva na região. E esses resultados contribuíram de forma importante na geração de empregos e na manutenção do homem no campo, uma vez que parte significativa dos nossos investimentos são dirigidos para o setor rural e áreas do semi-árido.
Dário do Nordeste- 17/01/2006
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