Fim de salário extra aumenta credibilidade

18 de janeiro de 2006 Fim de salário extra aumenta credibilidade

O parecer do deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE) foi aprovado por votação simbólica e em regime de urgência. Para entrar em vigor, o fim do pagamento de ajuda de custo aos parlamentares ainda precisa ser aprovado pelo Senado Federal.

O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que, com a aprovação do decreto legislativo que veda o pagamento de salários extras no período da convocação, as críticas da sociedade ao Congresso Nacional vão diminuir. “Essa nossa iniciativa, além de ser um alívio para os cofres públicos, contribui para recuperar a credibilidade do Congresso Nacional”, disse.

O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), elogiou a aprovação da matéria. Fontana enfatizou a capacidade de diálogo dos líderes partidários para viabilizar o acordo. “Diversos membros da bancada do PT, ao longo de muitos anos, trabalharam em iniciativas com este objetivo de suprimir o pagamento quando eventualmente houver uma Convocação extraordinária”, disse.

Modernização

O texto do decreto passará a vigorar da seguinte forma: “É devida ao parlamentar, no início e no final previsto para a sessão legislativa ordinária, ajuda de custo equivalente ao valor da remuneração, ficando vedado o seu pagamento na sessão legislativa extraordinária”.

De acordo com o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a medida só valerá a partir da próxima convocação extraordinária que vier a ocorrer, porque a atual convocação já surtiu efeitos jurídicos e administrativos. Desde a promulgação da Constituição em 1988, foram realizadas 18 convocações do Congresso Nacional.

Redução do recesso

Por falta de acordo, ficou adiada para esta quarta-feira (18), a votação do substitutivo do deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE) à proposta de emenda à Constituição (PEC 347/05), que reduz de 90 para 45 dias o recesso parlamentar. Os líderes partidários reúnem-se às 10h para um consenso que permita a aprovação da matéria. A proposta prevê que o primeiro período do ano legislativo será do dia 2 de fevereiro até 16 de julho, e o segundo, de 1º de agosto até 30 de dezembro. Com isso, os parlamentares terão 30 dias de recesso em janeiro e 15 no mês de julho.

O líder do PT, deputado Henrique Fontana defende a aprovação da PEC. Para ele, não se justifica mais um recesso tão grande. “O país vive um momento onde existe facilidade de comunicação e de deslocamento. Reduzir o recesso vai ser uma modernização do Parlamento”, salientou.
Fontana lembra que o substitutivo à PEC da redução do recesso prevê um outro aperfeiçoamento: para a convocação extraordinária, seja do presidente da República ou dos presidentes da Câmara e do Senado, será necessária aprovação por maioria absoluta dos membros das duas casas do Congresso Nacional e vedado qualquer pagamento extra. “Com isso, a convocação deixa de ser um ato de vontade unilateral, porque precisará de aprovação dos parlamentares”, afirmou.

Bandeira petista

Parlamentares do PT elogiaram o fim do pagamento extra durante convocações. Para o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), a aprovação foi uma atitude louvável dos deputados. “Depois de tanto desgaste, conseguimos acabar com essa absurdo, com essa prática nefasta de pagamento extra durante as convocações”, afirmou.

Para o deputado Orlando Desconsi (PT-RS), a medida tem apoio de toda a sociedade brasileira. “Espero que a decisão da Câmara sirva de exemplo para as assembléias legislativas e câmaras municipais também acabarem com o pagamento extra durante convocações”.

Os petistas também defendem a aprovação da PEC que reduz o recesso parlamentar de 90 para 45 dias, prevista na pauta desta terça. Para o deputado Doutor Rosinha (PT-PR), além de reduzir o recesso dos parlamentares, é preciso reduzir o recesso do judiciário. “Não apenas as férias dos parlamentares, como as de juízes, promotores e procuradores também deveriam ser de 30 dias. Qualquer coisa além desse período é um privilégio que deve ser combatido”, disse.
O deputado Jorge Boeira (PT-SC) disse que o pagamento extra para os parlamentares representava um grande prejuízo para as finanças públicas brasileira. Ele acha fundamental agora aprovar a redução do recesso. “Com a redução do recesso, acaba as convocações extraordinárias, que deixa o Parlamento brasileiro insolvível com a sociedade”, salientou.

O deputado Assis Miguel do Couto (PT-PR) disse que a redução do recesso vai eliminar a necessidade de convocações extraordinárias com extensas pautas. “Com a redução do recesso, os parlamentares não precisarão passar pelo absurdo de apreciar e votar mais de 90 itens em curto espaço de tempo, sem o amplo debate necessário”, salientou.
Votações

Nesta quarta-feira, constam da pauta do plenário cinco itens, além da continuação da votação da PEC 347/ 96, que reduz o recesso parlamentar. Está prevista a votação da PEC 07/03, de autoria do deputado Maurício Rands (PT-PE), que permite a contratação de agentes comunitários de saúde; e da PEC 415/05, que cria o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Outro item é a PEC 199/03, que exclui do monopólio da União a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida curta, para usos médicos, agrícolas e industriais. Também pode ser votado o PL 735/03, que altera o Código de Trânsito Brasileiro, e a PEC 536/97, que estabelece que a União complementará os recursos dos Fundos de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, de modo a que seja atingido o valor mínimo por aluno definido nacionalmente.

O governo retirou a urgência constitucional do projeto de lei (PL 6272/05), que cria a Super-Receita. Com isso a pauta foi destrancada para a votação do projeto de decreto legislativo do fim do salário extra para os parlamentares. O PL da Super-Receita retorna a pauta na próxima semana.

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