Vote Sim, por uma cultura de paz

21 de outubro de 2005 Vote Sim, por uma cultura de paz

Somente em 2003, 40 mil pessoas morreram por armas de fogo no país – uma média de 108 mortes por dia. O dado é estarrecedor. No Iraque, cuja população vive em conflito desde o fim do ataque norte-americano, 38 pessoas são vítimas de armas de fogo por dia. Estaria o Brasil vivendo em plena guerra civil?

Armas, por aqui, matam mais que acidentes de trânsito, AIDS ou qualquer outra doença ou causa externa. São 17,5 milhões de armas de fogos em circulação. Destas, apenas 10% pertencem às Forças Armadas e às polícias; o restante está nas mãos dos civis.
E, ao contrário do que se pensa, a maioria das armas usadas por bandidos para roubar e matar cidadãos de bens foram, um dia, compradas em lojas, legalmente. Segundo pesquisa do governo do Rio, 61% das armas usadas em crimes pertenciam a pessoas de bem. Em São Paulo, entre 1993 e 2000, foram roubadas, furtadas ou perdidas 100.146 armas. Ou seja, os bandidos não vão às lojas comprá-las, mas as armas compradas por cidadãos vão parar nas mãos de criminosos.

O argumento de que as armas servem para a legítima defesa de cidadãos de bem não passa de um mito. Ao assaltar, o bandido conta com o fator surpresa. Por mais treinado que seja, o cidadão não terá tempo de reagir e sacar sua arma. E, se reagir, terá 180 vezes mais chances de ser morto do que se não houver reação.

Muitas das armas guardadas em casa acabam se transformando em tragédia. Segundo o Datasus, duas crianças são feridas por tiros acidentais todos os dias no Brasil. A vingança é o primeiro motivo de homicídios entre pessoas que se conhecem e que não possuem vínculo com atividades criminosas. Em São Paulo, menos de 5% das pessoas mortas por armas de fogo foram vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte).

Austrália, Inglaterra e Japão, cujo comércio de armas é proibido, estão entre os países onde menos se mata por armas de fogo; ao contrário dos Estados Unidos, que possuem leis liberais de comercialização de armas e estão em 8º lugar no ranking dos países mais violentos. No Brasil, no primeiro ano de vigência do Estatuto do Desarmamento, o número de mortes por armas de fogo caiu pela primeira vez em 13 anos. Foram salvas 3.234 vidas.

Com o Estatuto, os bandidos também terão mais dificuldade para ter acesso a armas. Pela lei, as novas armas e munições serão marcadas na fábrica, o que vai ajudar a elucidar crimes e investigar as fontes de contrabando. Será feita ainda a integração entre as bases de dados da Polícia Federal, sobre armas apreendidas, e do Exército, sobre o comércio, possibilitando o rastreamento das armas e o desmonte das rotas de tráfico.

É claro que todas essas medidas não irão acabar com a violência, mas, certamente, irão reduzi-la. Depois do referendo, os cidadãos não devem simplesmente “lavar as mãos”, mas continuar a cobrar dos governantes ações na área de segurança pública. Votar Sim é votar a favor de uma cultura de paz.

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